domingo, 4 de setembro de 2016

Espécies Exóticas Invasoras - EEI



O perigo das plantas invasoras

Na nossa região há muitas espécies de árvores exóticas invasoras vindas de outros biomas ou outros países, prejudicando grandemente a biodiversidade e ameaça às espécies endêmicas. Chamamos de invasora quando se torna agressiva na competição com outras nativas, às vezes até exterminando-as, com sérios danos à biodiversidade!


 Cada ecossistema é formado por uma infinidade de seres vivos adaptados a esse ambiente, a variedade de espécies de animal, vegetal e microrganismo tem funções específicas, pois  relacionam-se entre si e com o ambiente em que vivem através de vários processos ecológicos, na forma de alimento, de fertilização, polinização etc., na falta de uma espécie, acontece o desequilíbrio ecológico, por isso a necessidade de proteger todas as formas de vida de nosso planeta. A proteção e  restauração da vegetação nativa dos ecossistemas é de suma importância para a proteção da sua biodiversidade, favorecendo a sustentabilidade dos ecossistemas naturais.

  Espécies Exóticas Invasoras (EEI), incluem também peixes, mamíferos, moluscos, répteis, insetos, anfíbios etc.. O transporte de espécies sempre aconteceu de forma global, talvez   iniciado em escala global na época dos descobrimentos, quando exemplos de espécimes diversas eram enviados à  Europa. Atualmente com todos os recursos tecnológicos de que dispomos essas trocas estão ainda mais facilitadas, com intenção econômica ou uso ornamental.

Algumas espécies tornam-se invasoras pelo seu alto poder de reprodução, sem o auxílio humano, podendo se dispersar além do local de onde foi introduzida, causando impactos nos ecossistemas, principalmente às áreas com menor diversidade. As invasoras competem com os recursos, alterando os habitats, podendo até extinguir as espécies nativas.
A proteção e restauração da vegetação nativa dos ecossistemas é de suma importância para a proteção da sua biodiversidade.

A proliferação de plantas exóticas com características invasoras, depois do desmatamento, são a causa da perda da biodiversidade dos ecossistemas. Isto é muito grave, e está acontecendo globalmente. O transporte de sementes acontece no mundo todo, mas até recentemente não imaginávamos as graves consequências disso.

Nossas florestas já estão dominadas por várias espécies invasoras, trazidas de outros países, como se o Brasil não tivesse uma das maiores biodiversidades do mundo! Substituindo as exóticas por nativas estamos viabilizando a sustentabilidade dos ecossistemas naturais.


Muitas árvores nativas do Brasil levadas para outros países também se tornaram agressivas, como é o caso da aroeira-vermelha. Devido a sua grande capacidade reprodutiva tornou-se  invasora na Flórida, prejudicando os ecossistemas da região. Aqui no Brasil, de onde se origina,  ela não tem essa característica, pois ocorre de forma equilibrada na mata.

Na RPPN o caso mais grave, de grande proliferação é o ligustro (Ligustrum lucidum), que invadiu as matas da nossa região, mas temos também as seguintes espécies invasoras: uva-do-japão (Hovenia dulcis), a nêspera, ou ameixa-japonesa (Eriobotrya japônica).  Outras espécies exóticas presentes na região, restritas a monocultura, ou espaços restritos, mas que também adentram na RPPN são o pinus (Pinus elliottii) e as espécies de eucalipto.


Ligustro  (Ligustrum lucidum)
Família: Oleaceae

O ligustro, ou alfeneiro, entrou no Brasil nos anos 40 para arborização de ruas urbanas e praças, por ser resistente a podas e de crescimento rápido. Também foi usado como ornamental devido aos cachos de frutinhas roxas e flores brancas.   Porém suas sementes se dispersam aumentando consideravelmente sua população. Na área da RPPN encontramos muitas árvores adultas, jovens e brotos tomando conta da mata.
Essa árvore de tronco grosso forma copas densas e arredondadas. As folhas são simples, ovaladas verde-escuras. Os frutos em forma de cachos roxos, são alimentos para pássaros que dispersam as sementes, causando, com sua germinação, sério desequilíbrio, pois disputam dos recursos naturais com as nativas.  Na nossa região muitas prefeituras, que tinham essas árvores nas vias públicas e praças, a substituíram por plantas nativas.



Aqui o tronco foi cortado, mas da base do tronco dezenas de brotos cresceram.

 Muitas árvores jovens pelos caminhos

 Árvores jovens disputando o sol com as nativas


Interior da mata com as copas de dois ligustros  



Na época da frutificação, as sementes se espalham pelo chão, pelos rios alastrando-se por tudo



Uva-do-Japão (Hovenia dulcis)

Família: Rhamnaceae

Essa árvore exótica, caduca, originária da China,  pode chegar até 25  m de altura, suas folhas caem no outono, ficando apenas os frutos, em forma de dedinhos retorcidos marrons, muito doces. Aqui na RPPN são saboreados por pássaros e bugios, que ao defecar possibilitam a germinação das sementes.
No Brasil se adaptou bem no sul e sudeste. Essa árvore de grande poder de germinação invade as matas da região, bem como  beiras de estradas, sendo distinguidas pelas folhas verdes claras. O tronco possui casca lisa de cor cinza-escura. Produz pequenas flores esbranquiçadas, hermafroditas.
É invasora devido ao poder de germinação de suas sementes. Esta árvore procura locais com incidência de luz e aos poucos vai entrando a mata, com crescimento rápido substitui as espécies nativas.
A prefeitura de Santa Cruz do Sul no estado do RS, proibiu o plantio e determinou a erradicação da uva-do-japão no município.

Poder medicinal:
Na medicina chinesa  ela é muito usada, principalmente para evitar ressacas. Usada em casos de dependência alcoólica (devido ao composto dihidromiricetina, também ajuda na desobstrução das artérias regulando as taxas de colesterol do sangue. A substância quercetina, dos frutos, age contra inflamação e tem poder antiviral.
As folhas jovens, sementes e os frutos possuem propriedades terapêuticas, diurético, antiespasmódico, febrífugo, laxante, anti-hipertensivo, desintoxicação alcoólica, antidiabético, antialérgica, antioxidante e anticâncer.

 Nas proximidades de uma árvore adulta, há muitas plantas jovens
Plantas jovens na beira dos caminhos mais ensolarados




 As folhas claras distinguem a uva-do-japão na mata


 Nêspera - ( Eriobotrya japonica)
Família: Rosaceae

Nêspera ou ameixa-japonesa é nativa do Japão, foi introduzida para produção de frutos e como ornamental. É uma planta tradicional em quintais de casas, mas de grande potencial de dano às florestas nativas. Recomenda-se substituir por nativas que produzem frutos como o araçá, guabirova ou pitanga, que são nativas.
Amexeiras jovens dispersas em vários locais na mata



Eucalipto
Família: Myrtaceae



O gênero Eucalyptus possui mais de 700 espécies que chamamos genericamente de eucalipto. Originários da Oceania,  foram  trazidas para Europa para drenagem de pântanos e áreas alagadas, visto que consume muita água. As espécies de Eucalipto  consomem muita água, prejudicando o solo e fontes de água. No Brasil é usada para a demanda de celulose, além de madeira e lenha. Infelizmente muitas áreas são desmatadas para o plantio da monocultura do eucalipto, transformando a terra em fins econômicos, sem respeito a sua biodiversidade, pois a monocultura destas árvores, destroem a fauna e flora local, além de provocarem danos ao solo, como a erosão, depois do corte e a desertificação. 

Eucaliptos e pinus



Pinus (Pinus elliottii)
Família: Pinaceae

O pinus, originário da América do Norte, tem grande demanda no Brasil, principalmente para madeira e também para a indústria de celulose, pois produz a fibra longa, usada na fabricação de embalagens. Essa espécie suporta clima frio e se adapta a solos pobres, por isso se alastrou pela ação do homem na silvicultura. Extensões grandes de monocultura alteraram a paisagem do sul do Brasil, na região da Serra e nos pampas gaúchos, modificando os ecossistemas, pois limitam a diversidade da fauna. No meio de outras espécies, prejudicam-nas, pois suas folhas demoram para se deteriorar, inibindo o crescimento de outras plantas, devido as substancias que expelem no solo.

Solo prejudicado com as folhas de difícil decomposição






Para saber mais:
O RS publicou em 2013 a lista de EEI, Portaria Sema RS nº 79/2013:

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