O perigo das plantas invasoras
Na nossa
região há muitas espécies de árvores exóticas invasoras vindas de outros biomas
ou outros países, prejudicando grandemente a biodiversidade e ameaça às espécies
endêmicas. Chamamos
de invasora quando se torna agressiva na competição com outras nativas, às
vezes até exterminando-as, com sérios danos à biodiversidade!
Espécies Exóticas Invasoras (EEI), incluem também
peixes, mamíferos, moluscos, répteis, insetos, anfíbios etc.. O transporte de
espécies sempre aconteceu de forma global, talvez iniciado em escala global na época dos
descobrimentos, quando exemplos de espécimes diversas eram enviados à Europa. Atualmente com todos os recursos
tecnológicos de que dispomos essas trocas estão ainda mais facilitadas, com
intenção econômica ou uso ornamental.
Cada ecossistema é formado por uma infinidade
de seres vivos adaptados a esse ambiente, a variedade de espécies de animal,
vegetal e microrganismo tem funções específicas, pois relacionam-se entre si e com o ambiente em
que vivem através de vários processos ecológicos, na forma de alimento, de
fertilização, polinização etc., na falta de uma espécie, acontece o
desequilíbrio ecológico, por isso a necessidade de proteger todas as formas de
vida de nosso planeta. A proteção e
restauração da vegetação nativa dos ecossistemas é de suma importância
para a proteção da sua biodiversidade, favorecendo a sustentabilidade dos
ecossistemas naturais.
Algumas
espécies tornam-se invasoras pelo seu alto poder de reprodução, sem o auxílio
humano, podendo se dispersar além do local de onde foi introduzida, causando
impactos nos ecossistemas, principalmente às áreas com menor diversidade. As invasoras
competem com os recursos, alterando os habitats, podendo até extinguir as espécies
nativas.
A proteção e restauração
da vegetação nativa dos ecossistemas é de suma importância para a proteção da
sua biodiversidade.
A proliferação
de plantas exóticas com características invasoras, depois do desmatamento, são
a causa da perda da biodiversidade dos ecossistemas. Isto é muito grave, e está
acontecendo globalmente. O transporte de sementes acontece no mundo todo, mas até
recentemente não imaginávamos as graves consequências disso.
Nossas florestas já estão dominadas por
várias espécies invasoras, trazidas de outros países, como se o Brasil não
tivesse uma das maiores biodiversidades do mundo! Substituindo as exóticas por nativas estamos
viabilizando a sustentabilidade dos ecossistemas naturais.
Muitas
árvores nativas do Brasil levadas para outros países também se tornaram
agressivas, como é o caso da aroeira-vermelha. Devido a sua grande capacidade
reprodutiva tornou-se invasora na
Flórida, prejudicando os ecossistemas da região. Aqui no Brasil, de onde se
origina, ela não tem essa
característica, pois ocorre de forma equilibrada na mata.
Na RPPN o caso mais grave, de grande
proliferação é o ligustro (Ligustrum
lucidum), que invadiu as matas da nossa região, mas temos também as
seguintes espécies invasoras: uva-do-japão
(Hovenia dulcis), a nêspera, ou ameixa-japonesa (Eriobotrya japônica).
Outras espécies exóticas presentes na região, restritas a monocultura,
ou espaços restritos, mas que também adentram na RPPN são o pinus (Pinus elliottii) e as espécies de
eucalipto.
Ligustro (Ligustrum lucidum)
Família: Oleaceae
O ligustro, ou alfeneiro, entrou
no Brasil nos anos 40 para arborização de ruas urbanas e praças, por ser
resistente a podas e de crescimento rápido. Também foi usado como ornamental
devido aos cachos de frutinhas roxas e flores brancas. Porém suas sementes se dispersam
aumentando consideravelmente sua população. Na área da RPPN encontramos muitas
árvores adultas, jovens e brotos tomando conta da mata.
Essa árvore de tronco grosso
forma copas densas e arredondadas. As folhas são simples, ovaladas
verde-escuras. Os frutos em forma de cachos roxos, são alimentos para pássaros
que dispersam as sementes, causando, com sua germinação, sério desequilíbrio,
pois disputam dos recursos naturais com as nativas. Na nossa região muitas prefeituras, que tinham
essas árvores nas vias públicas e praças, a substituíram por plantas nativas.
Aqui o tronco foi cortado, mas da base do tronco dezenas de brotos cresceram.
Muitas árvores jovens pelos caminhos
Árvores jovens disputando o sol com as nativas
Interior da mata com as copas de dois ligustros
Na época da frutificação, as sementes se espalham pelo chão, pelos rios alastrando-se por tudo
Uva-do-Japão (Hovenia dulcis)
Família: Rhamnaceae
Essa árvore exótica, caduca, originária
da China, pode chegar até 25 m de altura, suas folhas caem no outono,
ficando apenas os frutos, em forma de dedinhos retorcidos marrons, muito doces.
Aqui na RPPN são saboreados por pássaros e bugios, que ao defecar possibilitam a germinação das sementes.
No Brasil se adaptou bem no sul e
sudeste. Essa árvore de grande poder de germinação invade as matas da região,
bem como beiras de estradas, sendo
distinguidas pelas folhas verdes claras. O tronco possui casca lisa de cor
cinza-escura. Produz pequenas flores esbranquiçadas, hermafroditas.
É invasora devido ao poder de germinação
de suas sementes. Esta árvore procura locais com incidência de luz e aos poucos
vai entrando a mata, com crescimento rápido substitui as espécies nativas.
A
prefeitura de Santa Cruz do Sul no estado do RS, proibiu o plantio e determinou
a erradicação da uva-do-japão no município.
Poder medicinal:
Na medicina chinesa ela é muito usada, principalmente para evitar
ressacas. Usada em casos de dependência alcoólica (devido ao composto dihidromiricetina,
também ajuda na desobstrução das artérias regulando as taxas de colesterol do
sangue. A substância quercetina, dos frutos, age contra inflamação e tem poder
antiviral.
As folhas jovens, sementes e
os frutos possuem propriedades terapêuticas, diurético, antiespasmódico,
febrífugo, laxante, anti-hipertensivo, desintoxicação alcoólica, antidiabético,
antialérgica, antioxidante e anticâncer.
Plantas jovens na beira dos caminhos mais ensolarados
As folhas claras distinguem a uva-do-japão na mata
Nêspera - ( Eriobotrya japonica)
Família: Rosaceae
Nêspera ou
ameixa-japonesa é nativa do Japão, foi introduzida para produção de frutos e
como ornamental. É uma planta tradicional em quintais de casas, mas de grande
potencial de dano às florestas nativas. Recomenda-se substituir por nativas que
produzem frutos como o araçá, guabirova ou pitanga, que são nativas.
Amexeiras jovens dispersas em vários locais na mata
Eucalipto
Família:
Myrtaceae
O
gênero Eucalyptus possui mais de 700 espécies que chamamos genericamente
de eucalipto. Originários da Oceania,
foram trazidas para Europa para
drenagem de pântanos e áreas alagadas, visto que consume muita água. As espécies de Eucalipto consomem muita água, prejudicando o solo e
fontes de água. No Brasil é usada para a demanda de celulose, além de madeira e
lenha. Infelizmente muitas áreas são desmatadas para o plantio da monocultura
do eucalipto, transformando a terra em fins econômicos, sem respeito a sua
biodiversidade, pois a monocultura destas árvores, destroem a fauna e flora
local, além de provocarem
danos ao solo, como a erosão, depois do corte e a desertificação.
Eucaliptos e pinus
Pinus (Pinus elliottii)
Família: Pinaceae
O pinus, originário da América do Norte,
tem grande demanda no Brasil, principalmente para madeira e também para a indústria
de celulose, pois produz a fibra longa, usada na fabricação de embalagens. Essa
espécie suporta clima frio e se adapta a solos pobres, por isso se alastrou
pela ação do homem na silvicultura. Extensões grandes de monocultura alteraram
a paisagem do sul do Brasil, na região da Serra e nos pampas gaúchos, modificando
os ecossistemas, pois limitam a diversidade da fauna. No meio de outras
espécies, prejudicam-nas, pois suas folhas demoram para se deteriorar, inibindo
o crescimento de outras plantas, devido as substancias que expelem no solo.
Solo prejudicado com as folhas de difícil decomposição
Para saber mais:
O RS publicou
em 2013 a lista de EEI, Portaria Sema RS nº 79/2013:
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