Ainda não inauguramos a RPPN e ao distribuirmos folders provocamos reações de surpresa nas pessoas que desconheciam a existência de uma reserva na comunidade. Seis telas em acrílico, com desenho de nossa fauna, com ênfase aos pássaros, foram expostas na escola. Os visitantes da exposição foram questionadas sobre o nome comum das aves que conheciam representadas nas pinturas. Anotamos as respostas para depois fazer um levantamento. Conseguimos conversar com uma média de 50 pessoas , a maioria conhecia o tucano, lembrava de algumas aves, mas poucas lembravam seus nomes. Todas reconheceram o bugio. Através da conversa com os moradores locais registramos as identificações e os nomes conhecidos pela comunidade local, conforme a quantidade de pessoas abaixo:
tucano-de-bico-verde: 7 (conheciam apenas pelo nome de tucano)
jacu : 9
pica-pau-do-campo: 4 ( conhecido por alguns por bico-chanchão)
gralha-azul: 16 (chamada por alguns de arara-azul, conhecida principalmente pelas crianças do CTG, que se apresentaram no evento.)
curucara: 5
sabiá-laranjeira: 3
saracura-do-mato: 4
tesourinha: 2 ( chamado por alguns de tesoureiro)
mariquita: 1 (conhecida como sebinho)
nhambu: 2
trinca-ferro: 1 ( a pessoas que o identificou tinha um na gaiola)
cardeal: 1
saíra-preciosa: ( chamada de saíra por quem a identificou)
quero-quero: 7
tico-tico: 5
tapicuru: 4 (conhecido como maçarico)
Quando as pessoas eram informadas que todos os desenhos tinham sido copiados de fotos tiradas na região ficavam impressionadas com tanta variedade.
Os que conheciam aves como saracura, curucaca e jacu, moravam nas redondezas e viam esses animais nas proximidades de suas casas. Os que conheciam as menores como trinca-ferro, azulão e cardeal as conheciam presas em gaiolas.
Uma das moradoras contou que perto de sua casa, onde há muito mato avista de vez em quando veados e que já encontrou e destruiu armadilhas para caçá-los.
Apesar dessa escola ser localizada no interior, próxima à reserva, a comunidade não tem conhecimento de fauna fora dos limites do mais conhecido (tucano e bugio). Infelizmente a maioria das pessoas não conhece as aves, mesmo as mais comuns, percebemos muita confusão e ignorância em relação aos seus nomes. Os poucos que identificaram corretamente devia-se principalmente ao fato de as verem em algum momento em seu entorno, como o quero-quero, a curucaca e o maçarico, mas pouco sabendo sobre elas. No geral as pessoas não conseguem identificar as aves, confundem seus nomes, como o caso da gralha-azul, identificada corretamente somente pelos alunos que se apresentaram no CTG, provavelmente por conhecerem a lenda da gralha-azul, o restante a chamavam de arara-azul. O cardeal foi identificado como pardal por uma pessoa, bem como a mariquita como corruíra.
A partir do primeiro plano: saracura-do-mato e filhotes, frango-d'água, tucano-de-bico-verde e pica-pau-do campo, tiê-preto com fêmea, saíra-preciosa, joão-de-barro, tangará, aracuã, cardeal, surucuá-variado, mariquita, gralha-azul, sabiá-laranjeira, tesourinhas, tecelão, sabiá-coleira, cardeal, tico-tico-da-taquara, cabecinha-castanha, azulão e trinca-ferro.
Gralhas-azuis e suiriris
Um dos objetivos da RPPN Santa Bárbara é fomentar a valorização do patrimônio natural através da educação ambiental. Temos muito trabalho pela frente, é de grande importância conhecer nossa fauna para poder preservá-la.
Desde que essa localidade foi inserida na zona urbana da cidade, a geografia do lugar mudou quase radicalmente, obrigando muitas famílias a venderem suas terras para escapar do IPTU, ou por especulação imobiliária, o que vemos hoje são muitos loteamentos, com pouca ou nenhuma infraestrutura e a mata, consequentemente ficando cada vez mais reduzida.
A educação ambiental é de suma importância para despertar o interesse e preocupação de nossos jovens não só para os problemas ambientais mas também de forma crítica, na valorização e proteção da fauna e flora de nosso entorno.
Desde fevereiro de 2018 observamos mais de perto e com mais frequência famílias de bugios na parte da reserva que se aproxima das moradias. Isso é muito incrível, pois há anos avistávamos de longe, no alto das araucárias, e agora os vemos nas árvores mais baixas, alimentando-se de folhas de certas árvores sem ficarem arredios aos seres humanos.
Agradecemos a equipe diretiva da Escola Municipal Vitório Rech Segundo, pelo convite de participarmos desta Ação Social.
Vera Medeiros